terça-feira, 29 de novembro de 2011

Um resuminho da história do Felipe...

Engravidei em março desse ano, completamente programado. Sou hipertensa grave, mas estava medicada e com a pressão estável. Engravidei na primeira tentativa, e com o resultado nas mãos eu e meu marido ficamos mto felizes e realizados, afinal era o nosso sonho e depois de quatro anos de casamento o filho era a "cerejinha do nosso bolo".
Comecei o pré-natal com 2 semanas de gestação e nessa consulta minha médica trocou a medicação para pressão, desde esse dia minha pressão nunca mais estabilizou, preocupada com o risco da gestação ela me encaminhou para um colega, ele foi o melhor médico do mundo! Atencioso, dedicado, fazia minhas consultas quinzenalmente e praticamente 2 ecografias por mês para acompanhar o crescimento do bebe. Com 12 semanas descobrimos que viria por aí um garoto, Felipe, o sonho do meu marido realizado por ter um piazinho e eu emocionada por tudo o que acontecia em nossas vidas. Só que qnt mais tempo passava, mais a pressão subia, mas o bebe estava crescendo bem, esperavamos que ele nascesse por volta de 32 semanas e com pelo menos 2,500 kg. Mas em setembro, com 27 semanas fui fazer uma eco e constatamos que ele estava parando de crescer, pois estava com a vascularização sanguinea da placenta comprometida, com 30% apenas, depois de dois dias de internamento para acompanhar meu médico decidiu que ele faria o parto, pois corriamos o risco de perder o Felipe ainda na barriga.
O dr. Juliano nos explicou que fariamos uma cesárea, e que o bebe seria um prematuro extremo, mto pequeno para a idade gestacional.
Fui para o centro cirurgico pedindo a Deus e a todos os santos possiveis que protegessem o meu filho, meu marido ficou do meu lado o tempo todo, ver o medo nos olhos dele me davam força pq eu tinha q ser forte por mim, por ele e pelo nosso filho. Quando o Felipe nasceu, o pediatra nos mostrou rapidamente, ele era mto pequeno, menos q mtos bonecos, ele não chorou na nossa frente, o que me machucou mto. Ele foi direto pra UTI, onde ficou 4 dias, eu podia ve-lo 2x por dia. Ele era mto pequeno, 32 cm e 670 gramas, mas mesmo assim era um bebe ativo, se mexia bastante e deixava o pessoal da UTI confiante, tiramos fotos dele dentro do bercinho, e a cada dia q passava acreditavamos mais, até que no 4º dia, ele teve um sangramento pulmonar, provavelmente provocado por um machucadinho com a canula que ligava ele aos aparelhos da respiração, o sangramento piorou ao longo do dia e quando chegamos para a visita da noite ja nos levaram pra ve-lo, estavam oxigenando ele manualmente, não vou me estender nas descriçoes aqui, só vou contar que foi mto dificil ver aquele bebezinho tão pequeno naquela situação, tinha mto sangue no bercinho e a pediatra pareceu ter nos chamado para dar um choque de realidade, não tinha mais o que fazer. O coraçãozinho dele ainda batia, mas estava cada vez mais fraco, pudemos conversar com ele e nos despedir, quando nos apoximamos o coraçãozinho ainda teve um pequeno aumento de batimento, como se ele tivesse nos sentido ali, ver o sofrimento do meu marido me trouxe uma culpa enorme, afinal ele só estava naquela situação pq eu sou hipertensa e não pude levar a gestação até o final, coisa que dependia só de mim.
Fiz questão de ir ao enterro do meu bebe. Nos dias seguintes td era pânico e choro, só dormia com remedio. O pior são os marcos dessa convivência, é pensar q a única vez q peguei meu filho no colo ele ja tinha ido pro céu, a primeira vez q saímos os três juntos foi para o enterro, todos os sonhos q tinhamos foram junto, nunca vi os olhos dele e nem ouvi o seu choro, nunca o amamentei, ele não conheceu nada do que preparamos especialmente pra ele...
Desde o primeiro dia meu marido fez questão de dizer que queria outro filho, eu fiquei receosa, a ideia de passar por td novamente me angustia, sentia medo de não conseguir amar o novo bebe, de me sentir traindo o Felipe... depois de mudar de cardiologista e conversar com o meu obstetra, me convenci a tentar novamente, a completar minha familia,  faz três meses que o Felipe nasceu e faleceu, e nesse mês começamos as tentativas para uma nova gestação.
O que me faz erguer a cabeça todos os dias é pensar que meu filho ainda vive, está num outro plano, mto melhor que aqui e com certeza, não gosta das minhas lagrimas. Talvez se ele tivesse sobrevivido, teria mtas sequelas, e sofreria. Perder meu filho doeu mto, uma dor insuportável, que só quem tbm passou por isso sabe como é, mas eu sei que ver o olhar de pena, de desprezo ou qquer outra coisa assim, das pessoas por ele me fariam mto pior e pra ele tbm. E nenhuma mãe quer ver seu filho sofrer.
Acho que as mães que tiveram um anjinho devem tentar ter outro bebe sim, talvez pra soltar o grito que fica preso na nossa garganta.
Aproveito para agradecer ao apoio que recebi de mtas pessoas, renovei amizades, senti o carinho das pessoas, pude perceber como existe gente boa nesse mundo, tbm confesso que me decepcionei com algumas pessoas, que além de não ter sensibilidade para ajudar ainda falaram coisas que machucaram, ou fizeram algumas coisas que não esperava, mas isso é passado.
Fiz o blog para relatar td o que acontecer durante minhas tentativas, minhas novas descobertas, frustrações, angústias, mas principalmente, minhas felicidades. 
 Um novo ano vem aí, e meu desejo de ano-novo é paz no nosso coração, uma barriga crescendo mto e um bebe lindo, saudável e feliz...
 
Filho, eu te amarei eternamente, ainda vamos nos encontrar e saber pq tudo isso aconteceu...

2 comentários:

  1. Olá me chamo Marissa e acabei de ler sua história no blog "perdi meu bebê", sempre me emociono, pois também compartilho da dor de perder um filho tão desejado. Depois vc lê minha história no meu blog, mas já te adiantando eu perdi meu bebezinho em janeiro com 40 semanas de gestação, porque o meu bebê expeliu meconio intra-útero(fez cocô) e aspirou, por isto faleceu, um bebe grande, perfeito...mas estamos aí, o que lhe digo é que por mais dificil que possa ser, tenha fé e força, nunca desista do sonho de ser mãe.Conte comigo!
    Um abraço carinhoso!

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  2. Oi Marissa, li a sua história tbm. Fiquei chocada! Mas é sessas horas que temos que acreditar que era a vontade de Deus! Vc tem outros filhos?
    Beijo

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