Uma data que poderia não existir

Oi gente!
Hoje não é um bom dia, finados. Não só para as mães de anjo mas pra todos que já perderam alguém amado, querido.
Eu não lido bem com a morte, não importa de quem seja ou o motivo, tenho pânico de perder as pessoas que eu amo. Tá, vocês devem estar pensando :"claro, ninguém quer perder alguém.", mas gente, eu tô falando de pânico, principalmente se for sobre os meus avós, que insistem em falar que "é o curso natural da vida", que "eles já viveram o suficiente", eu choro só de pensar e por isso não penso e quanto começam com o assunto eu saio de perto, mudo o papo e choro. Cemitério e velório só quando é absolutamente necessário. E isso já é assim há muitos anos.
 E então eu perco meu filho. E as coisas só pioram.
 O Felipe não foi velado e quase ninguém foi ao enterro, eu só queria acabar logo com aquilo. Durante semanas, meses, eu fui ao cemitério todos os finais de semana. Chegava lá, sentava no chão, conversava com o meu filho e ... chorava. Acho que eu sempre voltava pra casa pior do que havia chegado lá. O marido não gostava de ir, não por falta de amor, mas pelo tanto que doía (e ainda doí), eu ia sozinha mesmo.
E depois de começar a tentar engravidar, eu percebi o mal que aquelas visitas me faziam. Conversei com muitas pessoas, acalmei meu coração e, de uma vez por todas, entendi que o meu filho não estava lá. Lá estava o corpo que ele usou aqui na Terra, o meu filho, a alma dele, a essência dele, estaria sempre comigo, onde quer que eu fosse, a morada dele é junto com tantos outros anjos - junto à Deus.
Desde então parei de ir ao cemitério compulsivamente, passei a gestação toda sem ir, acredito na força dos espíritos que ficam presos aqui e não tem uma boa energia, e depois que o Lucas nasceu, só fui uma vez e o Lucas não entrou lá pelo mesmo motivo.
Não, eu nunca abandonei o Felipe ou o substituí pelo Lucas, todos os dias desde que ele partiu, eu peço a Deus que ilumine o seu caminho e cuide dele como eu faria aqui (mesmo sabendo que ele estará sendo cuidado por seu Criador). E eu acredito que o Felipe sabe ou sente, não sei, o quanto é amado por nós e entende o nosso posicionamento, ele é o anjinho que acompanha o Lucas e tenho certeza que os dois conversam e brincam durante o soninho do Lucas, são irmãos e serão ligados pra sempre.
Sim, eu fui lá quando completou 2 anos do falecimento dele, eu vou lá hoje, vou no Natal e assim sempre será, mas não vou visitar o meu filho, como cheguei a falar várias vezes antes, vou visitar o memorial dele e ele estará ao meu lado, me apoiando.
Eu continuo saindo de lá triste, não mais por mim, mas por tantas outras pessoas que ainda não entenderam que seus entes queridos não estão mais lá. Estão num lugar muito melhor!

Então, pra cada pessoa que está lendo isso e já perdeu alguém, eu peço que pense um pouquinho. Eu não posso dizer que estou certa ou errada, só posso dizer que pensar assim, entender isso tudo, acalmou o meu coração, eu continuo com saudades, continuo achando que o melhor seria ter ele aqui comigo, continuo amando-o.

Força!
beeeijo